O objetivo é orientar os
trabalhadores como fazer de forma segurança limpeza de poços e cisternas
A
cada dia, pelo menos oito trabalhadores brasileiros perdem a vida, devido a
acidentes de trabalho. Foi assim com os irmãos Lucas e Rodrigo Rolim de Sousa e
os colegas Evandro Alves e José Itamar de Araújo. Os quatro saíram para
trabalhar e não voltaram para suas casas. Eles ainda tinham muitos sonhos para
realizar, mas foram interrompidos. Morreram por asfixia – devido ao baixo nível
de oxigênio – enquanto faziam a limpeza de um poço artesiano, resultado do
trabalho sem nenhuma condição de segurança.
O acidente aconteceu no dia 12 de
janeiro do ano passado, no Sítio Riacho Fundo e marcou familiares e amigos dos
quatro trabalhadores, além de moradores do município de Barra de São Miguel, no
Cariri paraibano. Para evitar que outros acidentes aconteçam e mais vidas sejam
ceifadas, foi lançada uma cartilha educativa, com apoio do Ministério Público
do Trabalho (MPT).
O lançamento do “Guia Básico de
Prevenção de Acidentes em Espaços Confinados – poços e cisternas” ocorreu na
manhã desta quinta-feira (3), no Centro
Municipal de Educação e Cultura, em Barra de São Miguel. Além de uma homenagem
a esses trabalhadores, o guia educativo traz informações importantes sobre
segurança e saúde para aqueles trabalhadores que ganham o seu sustento
construindo ou limpando poços e cisternas no Semiárido Nordestino.
Segundo o engenheiro de segurança do
trabalho Robson Félix Mamedes, o objetivo do guia é mostrar medidas de
prevenção que visam orientar os trabalhadores sobre o que fazer na limpeza de
poços e cisternas, por exemplo. “O guia surgiu após o trágico acidente no poço
de São Miguel. Participei da perícia e, após vários estudos, constatamos a
causa das mortes. Com isso, tivemos a ideia de criar um guia para que eventos
dessa natureza não se repitam”, afirmou.
Robson
Mamedes informou que também participaram da elaboração do guia outros
profissionais da área de segurança do trabalho, entre eles, o operador de
resgate industrial Hélio de Melo, diretor da Fundacentro (em Recife-PE) e o
auditor fiscal do Ministério do Trabalho Ribamar Gomes. “Além deles, tivemos o
apoio do MPT para a impressão dos guias”, acrescentou.
Acidentes fatais - Nos últimos seis anos (2012 a 2017), cerca de 15 mil trabalhadores brasileiros não voltaram para casa porque entraram para as estatísticas de vítimas fatais de acidentes de trabalho. Desses, pelos menos 114 eram da Paraíba, entre eles, os irmãos Lucas e Rodrigo, e os colegas Evandro e José Itamar, que morreram no poço de Barra de São Miguel.
Os
dados são do Observatório Digital de Saúde e Segurança do Trabalho, ferramenta
do MPT e da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que mostra números de
acidentes de trabalho, afastamentos, gastos, áreas onde mais ocorrem e lesões
mais frequentes, permitindo, inclusive, filtrar dados por Estados e municípios.
Os dados mostram, ainda, que as maiores vítimas são trabalhadores jovens, do
sexo masculino e de menor remuneração.
Texto:
http://portal.mpt.mp.br
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