sexta-feira, 22 de junho de 2012

Último Dia de Inscrição para o I Simpósio Internacional de Saúde Mental e Trabalho

As prefeituras dos municípios da região do ABCD e o movimento sindical estão engajados na organização de diversas atividades em defesa da saúde e segurança no trabalho, em especial a saúde mental dos trabalhadores.

Remonta o ano 1985, a organização de serviços de atenção aos trabalhadores no município de SBC e na Região em resposta às reivindicações sindicais e ao adoecimento dos trabalhadores decorrentes das intoxicações por chumbo, mercúrio, etc.

Em 2009, em SBC, realizamos o seminário 25 anos de Saúde do Trabalhador em SBC e Região: retratos da história e desafios rememorando o início das ações nesta área na região do ABC.

Os sete municípios que compõem o Grande ABC, São Bernardo Campo, Santo André, Diadema, São Caetano do Sul, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, têm pautado as discussões sobre a temática da saúde mental no trabalho em ações integradas dos Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST´s), serviços públicos do SUS, nos quais são atendidos trabalhadores, são realizadas inspeções nas empresas, registrados os acidentes e doenças do trabalho.

Desde 2004 são realizados seminários com a temática da Saúde Mental e Trabalho e, em 2010 realizamos em SBC o  VI Seminário Regional sobre Saúde Mental e Trabalho, que reuniu mais 350 pessoas.

Com a vinda do prof. Yves Clot, psicólogo do trabalho e pesquisador do Conservatoire National des Arts et Métiers de Paris,para participar do I Simpósio Internacional Saúde Mental e Trabalho: entre a atividade e a subjetividade, em 22 de junho de 2012, objetivamos articular ações na região e aprofundar a compreensão sobre as transformações das condições e da organização do trabalho, com a participação do movimento operário a comunidade científica e a sociedade civil organizada.

Pretendemos produzir coletivamente reflexões críticas sobre a reestruturação do mundo do trabalho contribuindo para estruturar políticas públicas de atenção à saúde dos trabalhadores e instrumentalizar os profissionais da área da saúde, sindicalistas, trabalhadores para ações interventivas.
 

CEREST/CG participa de discussões do Seminário do CPR

O médico do trabalho do Centro de Referência Regional em Saúde do Trabalhador (CEREST/CG), João Jorge di Pace Tejo, representou a unidade de Saúde no Seminário de Segurança e Saúde no Trabalho, promovido pelo Comitê Permanente Regional sobre Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção de Campina Grande e Região (CPR-CGR), realizado no auditório da Federação das Indústrias da Paraíba (FIEP), na última quinta-feira (21/06).
O CEREST/CG foi convidado para expor sobre Protocolos de Atenção à Saúde dos Trabalhadores. Segundo o médico do trabalho, estes protocolos são preconizados pelo Ministério da Saúde, como instrumento de trabalho a ser utilizado na condução de diagnósticos referentes aos agravos de saúde dos trabalhadores, conforme Portaria 104GM/MS, de 25 de janeiro 2011.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Atingidos por amianto articulam mobilização e criticam Stephan Schmidheiny durante Rio+20


Evento na Cúpula dos Povos reúne brasileiros que denunciam problemas respiratórios após terem trabalhado no setor e representantes de grupos do exterior
Ivo  dos Santos aponta uma árvore próxima a uns cinco ou seis passos de distância. “Eu não consigo correr até ali sem ficar sem ar”. Ex-empregado da Eternit, empresa que atua no Brasil desde a década de 1940, ele hoje sofre problemas respiratórios decorrentes de sua participação direta na produção de itens com amianto entre 1952 e 1985.
Banido em seis estados brasileiros (São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Pernambuco), o amianto está relacionado a graves problemas de saúde por ter fibras altamente resistentes, que podem entrar no sistema respiratório e provocar traumas e até a morte, às vezes décadas depois do primeiro contato com o produto.

Ivo já conseguiu uma indenização da Eternit, mas, mesmo com fôlego limitado, não tem vontade de ficar parado sem fazer nada enquanto o amianto continuar sendo utilizado como matéria-prima no Brasil e exportado para outros países. Ele foi um dos atingidos por amianto que compareceu nesta sexta-feira ao debate “O futuro que queremos é livre de amianto”, evento internacional realizado durante a Cúpula dos Povos, principal espaço de debate e proposições da sociedade civil para a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20.
O encontro reuniu representantes de diferentes países e resultou em troca de experiências e articulações visando às audiências públicas marcadas para 24 e 31 de agosto no Supremo Tribunal Federal sobre o assim chamado “uso controlado”. A indústria tem tentado derrubar as leis de banimento estadual. (leia o posicionamento oficial da empresa sobre o tema)

A Eternit e demais empresas que exploram o amianto argumentam que, com as precauções hoje adotadas, os riscos são minimizados, e alegam que o amianto deve continuar a ser utilizado por ser uma alternativa barata para a construção civil – que permite a construção de moradias populares a baixo custo, por exemplo.
O amianto é utilizado na fabricação de telhas e caixas d’água, entre outros itens, e seus críticos alertam que, além dos riscos na extração nas minas e nas unidades industriais, o produto também traz riscos para os consumidores. Quando uma peça produzida por amianto se rompe, as fibras ficam no ar, podendo ser aspiradas.
Em seu site, a empresa, principal do setor no Brasil, afirma vender amianto para mais de 20 países, incluindo Colômbia, Emirados Árabes, Índia, Indonésio, México e Tailândia. 

“A discussão que fazemos é sobre o direito da saúde dos trabalhadores e das pessoas que moram no Brasil. Que tipo de desenvolvimento queremos?”, questionou, durante o evento, Mauro de Azevedo Menezes, advogado da Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto.
A auditora fiscal e engenheira civil Fernanda Giannasi, uma das principais especialistas no tema no país, destaca a urgência necessária para o banimento do produto. “Os problemas de saúde vão começar a se manifestar em décadas e teremos uma curva ascendente. É  um passivo que custará caro para o país”.

Responsabilidade empresarial
Esmeraldo Teixeira, filho de um mineiro que trabalhou na mina São Félix do Amianto, em Poções (BA), principal pólo de extração do país durante as décadas de 1940, 1950 e 1960, alerta para a situação dos ex-trabalhadores e moradores da região. “Os problemas respiratórios não param de aparecer, a área da mina foi abandonada e permanece aberta, a água acumulada lá é utilizada e nunca a empresa tomou providências”, denunciou.

“A discussão tem tudo a ver com este momento. Qual a real responsabilidade das empresas? Faz sentido continuar utilizando produtos que poluem e fazem mal para pessoas? Qual o preço deste desenvolvimento?”, questiona a britânica Laurie Kazan-Allen, do Secretariado Internacional pelo Banimento do Amianto.
Ela é uma das articuladoras da mobilização internacional contra amiantos e organizadora e autora do livro “Eternit e o Grande Julgamento sobre Amianto” (“Eternit and the Great Asbestos Trial”), documento que reúne o histórico das disputas jurídicas internacionais e que deve ser traduzido para o português em breve.
A americana Linda Reinstein, da Organização de Alerta para Doenças relacionadas ao Amianto, defendeu a importância da sociedade civil na formulação de políticas públicas e do uso de redes sociais e da internet para disseminar informações sobre os riscos de continuar utilizando o produto.

Persona non grata
Além de troca de experiências e narrativas dos atingidos, que devem servir como base para apresentações nas audiências públicas, no encontro também foi defendido que o empresário Stephan Schmidheiny, que esteve à frente da Eternit durante décadas, seja considerado persona non grata na Rio+20.
Um dos primeiros a, durante a Rio 92, 20 anos atrás, defender conceitos como responsabilidade empresarial e o papel das indústrias na criação e consolidação de sistemas econômicos para a preservação do meio ambiente, ele é considerado referência quando se fala em Economia Verde (leia a cartilha que a Repórter Brasil preparou sobre o tema).

A Avina, Fundação Filantrópica criada por Stephan, emitiu nota repudiando a ideia de que o empresário seja considerado persona non grata. Ressaltando que o empresário não tem e nunca teve interesse em participar da Rio+20, a organização afirma que "essa petição é uma farsa, uma mobilização artificial em ataque à integridade de uma pessoa" e que o fundador da Avina foi o "primeiro a levantar a necessidade de substituir o amianto na indústria".

Destaca ainda que "há décadas ele abandonou seus investimentos nessa área e pôs em prática um programa inovador de desenvolvimento de produtos livres de amianto, matéria-prima que infelizmente , vale ressaltar ,ainda é processada legalmente em muitos países, inclusive no Brasil". Stephan deixou a presidência da Avina em 2003 e desde então não faz parte da administração, segundo representantes da organização.
(Por Daniel Santini, Repórter Brasil, 16/06/2012)

Transtorno mental é 3ª causa de afastamento do trabalho.


SEGUNDA-FEIRA, 18 DE JUNHO DE 2012

http://saudeocupacional.blogspot.com.br/2012/06/transtorno-mental-e-3-causa-de.html?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed:+SadeDoTrabalhador-MeioAmbiente+(Sa%C3%BAde+do+Trabalhador+-+Meio+Ambiente)
Os transtornos mentais respondem pela terceira causa de afastamento do trabalho no Brasil, de acordo com levantamentos realizados pela Previdência Social de 2008 para cá. Essas doenças perdem apenas para as do sistema orteomuscular, caso da LER (Lesão por Esforço Repetitivo), e as lesões traumáticas.

Muitas vezes as patologias psiquiátricas se desenvolvem a partir do que se chama de estresse ocupacional. "Ele é ocasionado por vários fatores", considera Duílio Antero de Camargo, psiquiatra, médico do trabalho e coordenador do Grupo de Saúde Mental e Psiquiatria do Trabalho do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo.

"Ter de cumprir metas abusivas, por exemplo. Há muita cobrança, muita competitividade nos ambientes corporativos, e a pressão que se forma leva às alterações."

Entre os males, o mais comum é a depressão. "Em determinados anos, responde por mais de 50% dos afastamentos por transtorno mental", contabiliza Camargo. Como ela é mais comum entre as mulheres - na proporção de 3 para cada homem -, diz o médico, sua incidência predomina nas ocupações em que há mais profissionais do sexo feminino. "É muito verificada entre professoras", comenta.

E também se relaciona à fase da vida da mulher. "Pode aparecer quando ela está mais vulnerável, como após o nascimento de um filho ou na menopausa, períodos em que há várias alterações na parte endocrinológica."

Segunda colocada no ranking das causas de afastamento por doença psiquiátrica, a ansiedade pode estar associada a transtornos de estresse pós-traumático - eles surgem depois de acidentes graves com risco de morte.

Policiais e bombeiros são tradicionalmente os profissionais mais afetados, mas bancários, bastante sujeitos a assaltos, e caminhoneiros, que sofrem sequestros relâmpago sobretudo nas madrugadas, entraram para o grupo de risco.

Em terceiro lugar da lista estão as perturbações originadas pelo consumo de substâncias psicoativas, como álcool, maconha e cocaína. Elas atacam principalmente quem lida com aspectos sociais que a maioria das pessoas prefere evitar, caso de lixeiros e coveiros.

Esgotamento - Um dos distúrbios característicos do mercado de trabalho atual é o Burnout, uma síndrome de esgotamento profissional.

"Acomete pessoas perfeccionistas, que fazem do trabalho uma missão de vida e, quando não veem resultado ou reconhecimento, não conseguem mais realizar as tarefas às quais sempre se dedicou", descreve o psiquiatra do HC.

Nesses casos, mais uma vez os professores são as grandes vítimas.

Ansiedade - Vendedores que precisam cumprir metas quase impossíveis; executivos que tomam decisões vitais para a companhia; policiais, bombeiros e seguranças, que correm risco iminente de morte; profissionais da saúde, cuja responsabilidade é salvar vidas. O distúrbio adquire várias facetas, como a Síndrome do Pânico.

Síndrome de Burnout - É a completa exaustão emocional. O acometido pela doença não consegue mais exercer o trabalho a que antes se dedicava arduamente, por falta do devido reconhecimento ou dos resultados esperados ao longo de anos. Professores são bastante afetados.

Depressão - É o transtorno mental mais comum no mercado de trabalho e ataca mais as mulheres, especialmente nas fases da vida em que estão emocionalmente fragilizadas - como na chegada da menopausa; professoras são vítimas frequentes desse distúrbio.

Drogas - Atividades monótonas e repetitivas funcionam como gatilho para o consumo de álcool e de outras substâncias viciantes. Também recorrem a elas profissionais que precisam lidar com aspectos indesejáveis do cotidiano, como os coveiros e os lixeiros.
Fonte: Revista Proteção